Entremez do poeta Dom Tristão |
Entremés del poeta |
Entremez do poeta Dom Tristão Figuras: Poeta |
Entremés del poeta Personas: Don Tristán |
Dous homens Meirinho |
Don Reimundo Mochales Un alguacil |
Ninfa |
Damas |
Saem os dous homens passeando. |
Salen Don Reimundo y Mochales. |
PRIMEIRO Enfim, que vós também sois convidado? SEGUNDO Um mês há que me tem a mim citado. |
MOCHALES En fin, ¿qué estáis también vos convidado? REIMUNDO Un mes ha que me tiene a mí citado. |
PRIMEIRO Teremos um lindo passo de auto, |
MOCHALES Tendremos un buen rato, |
que o senhor Dom Tristão é um mentecauto. |
que el Don Tristán es bravo mentecato, |
SEGUNDO Tudo o que dizeis assim será, mas que haja escrito comédia boa nem má não o posso crer, perco o juízo. PRIMEIRO Eu também duvidava disso, mas que as faz é cousa conhecida. |
así no más cual suena. REIMUNDO Que haya hecho comedia, mala o buena, no lo puedo creer; yo pierdo el seso. MOCHALES También dudaba eso, mas que las hace es cosa conocida. |
SEGUNDO Maior ignorante não vi em minha vida |
REIMUNDO Tal ignorante no lo vi en mi vida. |
que faça ũa comédia, como ou quando. |
MOCHALES Siempre está trabajando: |
PRIMEIRO E outras duas diz que está acabando, |
doce comedias ahora está acabando |
que o certo é que não há tolo que não faça quanto lhe pede o miolo. |
y aun dice que ha de hacer, si se le antoja, más comedias que uvas tiene Loja. |
SEGUNDO Assim é, que do néscio o repente é ir com a sua tolice por diente. |
Mas tened, que a su cuarto hemos llegado |
PRIMEIRO Mas tende mão, que ao seu quarto temos chegado e aqui está este gram licenciado. |
y está allí el licenciado, |
Ele, amigo, está escrevendo, |
divertido, escribiendo. |
sem dúvida que as suas comédias está fazendo. |
REIMUNDO Oigamos, que quizá está componiendo. |
Corre-se ũa cortina que mostre o Poeta sentado em ũa cadeira junto a um bufete com papéis e tinteiro. |
Descúbrese Don Tristán escribiendo. |
POETA Para «privança», «dança», «cagança», |
TRISTÁN Para «probanza», «danza»; |
é caso bem galante que no melhor me falte a consoante! Para «secreta», «careta», «bonecra», linda treta, vamo-nos com esta. Para «carola», «corriola», «mariola», «bandola», «sola», «jogo da bola». Para «burras», «surras», «esmurras». Oh que lindos consoantes para bons comediantes! Para «chança», «pança», «gança», «balança». Vamos com outros mais flamantes, para «diamantes», «tunantes», sim, «tunantes». Para «rubis», «funis», «quadris», |
no va bueno: «carranza»; quita, quita allá: «panza»; peor está: «mostaza»; ya me alcanza: |
«anis», sim, «anis», que lindamente, |
este sí me venía lindamente, |
duas letras lhe faltam tão-somente, |
mas fáltale una ene solamente; |
mas com letras mais ou menos a jeito não hei eu de perder um bom conceito. |
pero por una letra no es precepto que haya yo de perder un buen concepto. |
PRIMEIRO Que vos parecem os buenos dichos? SEGUNDO Que são de louco de capricho. |
MOCHALES ¿Qué os parece? |
PRIMEIRO Não lhe achais graça na pancada? SEGUNDO Para doudo não lhe falta nada. |
REIMUNDO Que es loco de capricho. |
POETA Vejamos como concordam unidos, |
TRISTÁN Veamos cómo sale aqueste dicho: |
que não sei se tem seus perigos: «a privança na cagança...» cuidarão que isto é chança, mas é cousa muito provada que, se há de cagar, seja na privada. Porém, dirá algum crítico que eu com a merda entrepico. |
«Porque el riesgo, señor, de la probanza se le parece mucho a la mostaza: |
Vá fora logo o que a merda pica, |
que es simple si no pica |
fique só o que a descrição repenica, |
y hace llorar a todos si repica». |
que o termo «repenica» é adequado... |
REIMUNDO El término repica es escusado. |
SEGUNDO Compõe ou não compõe o senhor licenciado? PRIMEIRO A riso me provoca o que escuito. POETA ... o mesmo é repenicar que picar muito. |
MOCHALES ¿Paréceos si compone el licenciado? REIMUNDO A risa me provoca lo que escucho. TRISTÁN Lo mismo es repicar que picar mucho. |
SEGUNDO Não vos dezia eu que era poeta? |
MOCHALES ¿Veis si es poeta? |
Olhai se é aquela sentença bem discreta! |
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PRIMEIRO Por Deos eterno, que podia fazer comédias no inferno. |
REIMUNDO Vive Dios eterno, que puede ser poeta del infierno. |
POETA Quem é? Meus senhores cavalheiros. |
TRISTÁN ¿Quién? Caballeros, sean bien venidos; |
aquí hay unos asientos prevenidos. |
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Levanta-se. |
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SEGUNDO Seus servidores somos, e escudeiros. |
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PRIMEIRO Estáveis, amigo, trabalhando? |
MOCHALES ¿Estabais trabajando? |
POETA Estava a toda pressa acabando |
TRISTÁN Estaba a toda priesa aquí acabando |
um par de comedilhas bem cruéis. |
un par de comeduelas. |
PRIMEIRO Cousa rara, aos pares as fazeis? POETA Pois que vos espanta? PRIMEIRO Cousa que tem deficuldade tanta a fazeis tão facilmente? |
REIMUNDO ¡Rara cosa! Siendo una cosa tan dificultosa, ¿a pares las hacéis? TRISTÁN Pues ¿qué os espanta? REIMUNDO ¿Cosa que tiene dificultad tanta hacéis tan fácilmente? |
POETA Não vedes que sou poeta adredemente? PRIMEIRO Não podia crê-lo Dom Raimundo. |
TRISTÁN ¿No véis que soy poeta de repente? MOCHALES No quería creerlo Don Reimundo. |
POETA Essa é a ignorância deste mundo, que cuidam que os que fazem as comédias e os que compõem as tragédias, que são alguns homens encantados, que andam por esses ares remontados, |
TRISTÁN Aquesa es la ignorancia de este mundo: piensan que los que hacen las comedias, las óperas, zarzuelas y tragedias, que son algunos hombres encantados que andan por esos aires remontados, |
tocando alaúdes ou violões, e que tem de ouro ou prata as feições, |
tocando violones y que son de oro o plata sus facciones. |
não como de gente, mas de potros. |
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Homens são de carne como os outros. |
Hombres de carne son como nosotros |
De terra toda a carne foi criada, e assim os poetas desse nada |
y difieren muy poco unos de otros; aunque poeta he hallado no ser de carne, sino de pescado, pues con caña y anzuelo pesca versos al vuelo. De toda tierra la carne fue formada, el poeta fue hecho de la nada; |
foram elevados a tal altura somente pelo caminho da loucura. Assim que quem quiser poeta ser |
conque cualquiera que quisiere sello |
faça-se louco, que é o seu saber, e ainda que nos versos aproveite pouco, já pelo menos ficará feito louco. SEGUNDO Digo que me dou por convencido. |
vuélvase loco y se saldrá con ello, que aunque los versos aprovechan poco, ya por lo menos se ha de quedar loco. REIMUNDO Digo que yo me doy por convencido. |
PRIMEIRO É o senhor Dom Tristão muito intendido. |
MOCHALES Es el señor Tristán muy entendido. |
POETA Deixemos isso. E pois haveis chegado, |
TRISTÁN Pues a tiempo tan bueno habéis llegado |
ouvi o para que vos tenho convidado, |
a ver a lo que os tengo convidado, |
que de ler-vos o que tenho escrito trato |
ya enseñároslo trato, |
para vos dar alívio um rato, |
para que ustedes tengan un mal rato. |
que, já com ânsia de ouvir, aposto... |
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PRIMEIRO Será para mim de grande gosto. |
REIMUNDO Será muy bueno. |
SEGUNDO E para mim de alívio muito. PRIMEIRO Já eu atendo. |
MOCHALES Y de mi gusto mucho. REIMUNDO Yo ya atiendo. |
SEGUNDO Já eu escuito. Senta-se o Poeta, tira uns papéis, põe os óculos e lerá. |
MOCHALES Decid, que yo ya escucho. |
POETA De Píramo e Tisbe é a história, |
TRISTÁN De Príamo y de Tisbe es esta historia, |
que vossas mercês mui bem sabem de memória |
que ustedes la tendrán muy de memoria. |
que não será pequena dita. PRIMEIRO Pois essa já está escrita. |
REIMUNDO Aquesa ya está escrita. |
POETA Este é o pensamento, que eu a escrevo por diverso intento. |
TRISTÁN Ese es el cuento, que yo la escribo por diverso intento. |
SEGUNDO E nisto de fazer comédias excelentes, há intentos diferentes? |
MOCHALES ¿Que en aquesto hay intentos diferentes? |
POETA Sim, homem, quando entram nelas pessoas tão reverentes. |
TRISTÁN |
Sí, y hablan en ella los siguientes: |
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(lê) «Hablan las personas siguientes». PRIMEIRO Senhor Dom Tristão, o título não dizeis? POETA O título é Yo la veré y vos la veréis. SEGUNDO Ora olhai lá o que dizeis. POETA (lê) «Personas que hablan en ella»: (tantas dúzias e mais seis) |
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Píramo, um tio seu, e dous sobrinhos |
Príamo, un tío suyo |
com suas filhas e seus filhinhos, e sobrinha, e suas tias velhas, ũas muito feas, outras muito belas, ũas velhas, outras moças, |
que para hacer papel también le incluyo–, su padre –barba– y una hermana moza, |
um lacaio com três carroças, seu pai – barba – com grande barriga, ũa sua criada de mantilha, ũa irmã, moça de carapuça, um cocheiro de capa ruça, um bacharel de gorra e um paisano com cachaporra, quatro ternos de mulas... |
dos lacayos, cocheros y carroza, cuatro mulas… |
PRIMEIRO Não venhais cá vender-nos bulas, que falarem as mulas é acção infiel. |
REIMUNDO Tened, por Dios, os digo, y advertid, buen amigo, que hablen las mulas es acción cruel. |
POETA Não falam, porém fazem o seu papel; e, quando falaram, não me deram surra, pois bem sabe que de Balão falou a burra. |
TRISTÁN No hablan, pero hacen su papel; y, cuando hablaran, no me dieran zurra, pues todos saben cómo habló una burra. |
E o ponto estava em que o apontador lhe apontasse o que a burra havia de dizer, para que ela falasse. |
REIMUNDO ¿Burra? TRISTÁN Sí, señor. MOCHALES ¿Cuál, señor Tristán? TRISTÁN ¿Cuál, dice usted? La burra de Balán. MOCHALES Ha dicho lindamente. TRISTÁN Ya he dicho que soy poeta de repente. |
(lê) Tisbe – primeira dama – e seis criadas – três donzelas e três casadas –. |
Tisbe –primera dama–, seis criadas –las tres doncellas y las tres casadas–. |
PRIMEIRO E por força hão de ser donzelas? |
REIMUNDO ¿Y por fuerza han de ser, decid, doncellas? |
POETA Não, bastará que o digam elas para que nós não saiamos da corrente. |
TRISTÁN No, bastará con que lo digan ellas para que no salgamos del corriente. REIMUNDO ¡Que haya quien tal diga! |
SEGUNDO Lindamente, lindamente. |
MOCHALES Lindamente |
lo ha dicho. |
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Repetem os dous. |
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REIMUNDO ¿Hay tal menguado? MOCHALES ¿Quieres callar? Por Dios, que va extremado. |
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SEGUNDO Oh que haja quem tal escreva! |
REIMUNDO ¡Jesús, qué salvajadas! |
POETA (lê) Ũa concubina ou manceba, três maridos das casadas e cinco filhos delas |
TRISTÁN Los tres maridos de las tres casadas y cinco hijos de ellas, |
e três filhos mais das três donzelas. |
otros tres hijos de las tres doncellas. |
PRIMEIRO Que dizes, home, perdes os atilhos? Como hão de ter as donzelas filhos? |
REIMUNDO Tente, hombre. ¿Hay lances más prolijos? ¿Cómo doncellas han de tener hijos? |
POETA Como? Parindo-os os terão elas. PRIMEIRO Quando, homem? POETA Antes de ser donzelas. |
TRISTÁN Pariéndolos. ¿Qué son vuestras querellas? REIMUNDO ¿Cuándo, hombre? TRISTÁN Antes de ser doncellas. |
SEGUNDO Há dito lindamente, lindamente. |
MOCHALES Ha dicho lindamente. |
REIMUNDO No, sino muy mal, aunque reviente. |
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Repetem os dous. |
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SEGUNDO Este homem está louco. |
Vive Dios, que es un loco. |
POETA De filhos de donzelas sabe pouco. |
TRISTÁN De achaques de doncellas sabe poco. |
PRIMEIRO O senhor Dom Tristão diz muito bem, |
MOCHALES Tristán, decís muy bien, id adelante. |
adiante vamos, adiante. POETA (lê) A deusa Vénus e um deceplinante, sete ou oito dúzias de embuçados |
TRISTÁN La diosa Venus con un disciplinante, siete u ocho lacayos, |
com seus pajens, seus negros e criados; para gracioso um bugio chacarroso dando al rabio y al pescozo; e para lacaia graciosa ũa mona muito presunçosa. PRIMEIRO E o bugio sabe falar? POETA É porque não quer trabalhar, mas gritando se explicará. SEGUNDO E a mona? POETA Toda se meneará, dando o seu rabo a beijar, mandando a todos bugiar. SEGUNDO Calai-vos, que será o Diabo se souberem onde a bugia tem o rabo. POETA Isso agora é caso cru, pois todos sabem qu’é a par do cu. (lê) Um cego por Cupido será da primeira dama o marido; para músicos dos pocilgos canários e pintassilgos, gralhas, mochos e cucos que cantem aos apupos, gansos e francelhos que sejam dos mais velhos, que tem melhores passos de garganta, e um Anfião que com eles canta. E hão de cantar de modo que atroem o auditório todo, tão suavemente e de tal sorte que se não calem senão por morte, que fique assim tudo mui contente. |
cien enanos, ochenta papagayos. |
PRIMEIRO Tem-te, e onde hão de pôr tanta gente? |
REIMUNDO Tente, cristiano, tente: ¿pues adónde han de ir por tanta gente? |
Yo he de perder el seso. |
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POETA Não me toca a mim isso, quem a representar cuidará nisso. Eu aqui só digo a gente, quem a fizer que arrebente, façam o que lhe melhor parecer, que hei eu de pôr o que intender. |
TRISTÁN No me toca a mí eso. Yo escribo la comedia sin que cuente, y ellos que se la vistan o revienten. |
PRIMEIRO Dizeis famosamente. SEGUNDO Lindamente, lindamente. Repetem. |
MOCHALES Dice famosamente. |
SEGUNDO (à parte) Mas ouvi-lo já é vício. |
REIMUNDO Oírle es vicio. |
PRIMEIRO (à parte) Este homem me tira o juízo. |
Este hombre me ha de hacer perder el juicio. |
POETA (lê) As seis paróquias com seus guiões e todas as religiões. PRIMEIRO Para que é isso? Isso é erro. |
TRISTÁN También las seis parroquias. REIMUNDO Ese es yerro. ¿Para qué es eso? |
POETA Não é, que há de haver enterro |
TRISTÁN Para que haya entierro, |
de Píramo, que morre namorado, e se há de enterrar como home honrado. |
que Príamo se muere de contado y lo hemos de enterrar como hombre honrado. |
MOCHALES Ha dicho lindamente. REIMUNDO Que he de perder el juicio es evidente. TRISTÁN Músicos y criados, lo ordinario. |
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(lê) Haverá uma cova, é necessário, em um lado do vestuário, |
Y habrá en el vestuario una cueva en un lado, |
adonde Píramo esteja catando-se e ao sol espulgando-se. |
adonde Príamo estará sentado espulgándose al sol. |
SEGUNDO A tal intento estou enfadado. |
REIMUNDO ¿Hay tal intento? |
Que mais deixais para um encamisado? |
Me hará perder el juicio este jumento. ¿Qué más dejáis para un descamisado? |
TRISTÁN ¿Pues qué pensáis, que era algún potentado? REIMUNDO ¿Pués qué era? TRISTÁN Un pobre hijo de vecino, que cenaba un gigote de pepino. MOCHALES Razón tiene. REIMUNDO ¿Hay más rara maravilla? |
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POETA Apareça a outro lado ũa camilha |
TRISTÁN Habrá al otro lado una camilla, muy bien aderezada, |
com Tisbe recostada com beatilha, curando ũa fonte em ũa perna |
adonde estará Tisbe recostada, curándose una fuente |
com ũa grande caverna, e nela se estava revendo como quem a está espremendo. |
que tendrá en una pierna. |
PRIMEIRO Que isto encontre! E se a tal não tiver fonte? |
REIMUNDO ¡Que esto intente! ¿Y si no tiene fuente? |
POETA |
TRISTÁN Que se la haga; |
Que bastará qualquer chaga. |
demás que bastará cualquiera llaga. |
SEGUNDO Viu-se maior praga? |
REIMUNDO |
E se chaga não tiver em pé nem mão? |
¿Y si llaga no tiene, hombre inhumano? |
POETA Que lha faça ali logo um surgião, que se faz facilmente. |
TRISTÁN Que se la haga cualquiera cirujano, y para curarla luego el darle es fácil un botón de fuego. |
SEGUNDO Diz vossa mercê lindamente. (repetem os dous) lindamente, lindamente. |
MOCHALES Ha dicho lindamente. REIMUNDO No ha dicho si no es muy malamente. |
POETA |
TRISTÁN Hecho esto, en los instantes, para que no se vean los amantes, |
Haverá em o meio do tablado |
ha de caer en medio del tablado |
ũa parede de tabuado, |
un tablón, que esté bien enjalbegado, |
que finja ser pared; y si pudiera |
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e se for de ladrilho melhor seria. |
ser hecha de ladrillo, bravo fuera. |
PRIMEIRO Pois por que a não faz de cantaria? |
REIMUNDO ¿Hay tan loca porfía? ¿Pues por qué no la hacéis de cantería |
y estará más hermoso? |
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POETA Não quererão, por ser muito custoso, e assim basta e é decoroso. |
TRISTÁN No querrán ellos, que eso es muy costoso. Habrá un planchón también de cal y arena. Hecho esto así, empiece norabuena. Príamo habla y dice: «¡Ay, Tisbe mía, bien mío, si te viese en Berbería!» REIMUNDO ¿En Berbería? Que es locura veo. TRISTÁN Es exageración de su deseo. REIMUNDO ¡Jesús, qué disparate! |
SEGUNDO Diz lindamente, lindamente. |
MOCHALES Lindamente lo ha dicho, no se mate. |
Repetem ambos. |
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POETA «Ya impiezo. Dice Tisbe: (lê) ¡Ay, Píramo mío, si en mis brazos te vira yo judío»! |
TRISTÁN Ahora dice Tisbe: «¡Ay, Príamo mío, si en mis brazos te viera yo judío!» |
PRIMEIRO Eu nisso não convenho. |
REIMUNDO ¿En sus brazos, judío? No convengo. |
POETA Se você não intende, que culpa tenho? Este verso grande conceito encerra, |
TRISTÁN Si usted no entiende, ¿yo qué culpa tengo? Si usted lo desentierra, aqueste verso gran concepto encierra: |
eu lho ponho claro como terra: pois sendo no judeu próprio o esperar |
pues siendo esperar propio en el judío, |
diz-lhe Tisbe que espera de o abraçar, |
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e como é de seu livre alvedrio |
teniendo ella postrado su albedrío |
o desejo que parece de judío, com este afecto chega a declarar-se de que entre seus braços deseja achar-se, |
y entre sus brazos deseando hallarse, dice con este afecto al declararse |
mostrando-se sempre muito isenta, e assim Tisbe lhe representa: |
entre sus penas fieras: |
(lê) «Ansí judío fueras de mis brazos», que é dizer se em ternos embaraços esperanças tiveras de meus braços, |
«¡Oh si judío de mis brazos fueras!», que es decir: «¡Oh si en tiernos abrazos esperanzas tuvieras de mis brazos!» |
em tais folganças não queria ter mais esperanças. |
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PRIMEIRO Está muito bem dito e mui bem feito. |
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SEGUNDO É grande o conceito. |
MOCHALES Vive Dios, que es concepto, |
sin que siga del arte algún precepto. |
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PRIMEIRO Daqui faz o senhor de repente. SEGUNDO Disse lindamente, lindamente. Repetem. PRIMEIRO (à parte) Há tal porfia? Desespero. Em minha vida vi tal destempero? POETA Píramo diz agora: «Ay, Tisbe mía, si en mis brazos te vira yo en Berbería». PRIMEIRO Em Berberia? Que é loucura vejo. POETA É desesperação do seu desejo. SEGUNDO De que modo desesperação? POETA Eu vo-lo explico, tende mão. Quem está em Berberia ou em Marrocos a esperança tem com maçacrocos, quem está nos cativeiros de Argel tem a esperança do pichel, que por tão torcida e tão chea se podia mui bem pôr em ũa candea, pois assim vai desesperando como a candeia vai agonizando. Da mesmo sorte Píramo, amante verdadeiro de Tisbe, está no cativeiro, mas tão enfadado de esperar que quase está por desesperar, e por gozar de Tisbe as promessas se vai pondo de candeias às avessas. PRIMEIRO O conceito é mui luzido. SEGUNDO Mui retórico e polido. PRIMEIRO Poeta não há mais excelente. SEGUNDO Por certo que disse lindamente, lindamente. Repetem. |
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POETA Vem agora em ũa nuve, |
TRISTÁN Viene ahora en una nube de contado |
como de fumo ou de chuve, Vénus voando em cima do tablado, |
Venus volando por cima del tablado, |
que parecerá um enforcado, não porque esteja à dependura de Vénus a linda fermosura, mas, porque vem nua até à calva, parece enforcado por ser tão alva. Este passo é de muito porte. |
haciendo un ruido fuerte, |
E diz Vénus desta sorte: |
y dice de esta suerte: |
(lê) «Eya, hijos míos los más gordos, |
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buen ánimo, que acá estamos todos, |
«Ánimo, hijos, que estamos acá todos |
vuestro padre Vulcano os quiere hablar a la orilla de la mar». |
y de vuestro remedio traigo modos. |
Puxa por ũa orelha o poeta. |
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Que orilla em castelhano é a orelha do corpo humano. E agora haveis de ver, por meu gostinho, |
Por vida de mi hijo Cupidillo, que ahora habéis de ver, por mi gustillo, |
irem-se todos de caminho. |
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(lê) Diz Vénus: «Hijos míos, en testimonios |
de mi valor bien claros testimonios |
vuele esa pared con mil demonios». |
y vaya esa pared con mil demonios». |
Agora o paredão que estava diante |
Ahora el paredón que está delante |
há de voar arriba em um instante, que será muito luzida aparência; |
ha de volar a lo alto en un instante, que será muy lucida esta apariencia; |
e por que se execute sem violência, |
y para ejecutarlo con violencia, |
vede um estupendo ardil que tenho: |
ved el ardid que tengo: |
dez barris de pólvora provenho, que pegando-lhe o fogo com presteza |
dos barriles de pólvora prevengo, que pegándole fuego con presteza |
voará tudo com muita ligeireza. |
lo harán volar com grande ligereza. |
PRIMEIRO Que dizes? Estás endemoninhado? Não vês que há de voar casa e tablado |
REIMUNDO ¿Qué dices, hombre? ¿Estás endemoniado? ¿No ves que ha de volar casa y tablado |
e que se há de abrasar a gente toda? |
y que se ha de volar la gente toda? |
POETA Valha-me Deos, isso se acomoda com fazer a comédia em despovoado, |
TRISTÁN Señor mío, pues eso se acomoda con hacer la comedia en despoblado, |
e como estiver o teatro apartado |
y con esto, el teatro retirado, |
con lo que retrocede, |
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ũa légua da gente, não há de perigar. SEGUNDO E como se hão de livrar os que estão representando? |
la gente peligrar así no puede. REIMUNDO Y, digo, los que están representando, ¿cómo se han de librar? |
POETA Bizarramente, voando |
TRISTÁN ¿No andan volando, |
como quem sobe por um guindastre. É a primeira vez que sucede um desastre? Não, pois logo que tenho com isso eu? |
que mil veces lo vi, por su albedrío? |
Haja-o também agora, pois é gosto meu. |
Pues vuelen esta vez por gusto mío. |
Há cousa mais impertinente? |
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PRIMEIRO Diz lindamente, lindamente. Repetem. SEGUNDO Outra dúvida inda se me ofrece. Diz que o tablado se fizesse em despovoado ou em deserto, e só se vê o que se faz ao perto. Como se há logo a comédia de ver, se ũa légua da gente se há de fazer? POETA A dúvida está com fundamento, e duvida como quem tem intendimento, mas isso se remedea de dous modos: um é retirando-se só todos quando for a aparência do voar, e passada ela tornar-se a chegar; outro é usando de óculos de larga vista com que tudo ao longe se resista, e para isso estará prevenido ali com tudo quatrocentos mil óculos de canudo, que por óculos se vê bastantemente. SEGUNDO Bem diz lindamente, lindamente. Repetem. PRIMEIRO Dom Tristão diz muito bem, e é intendido. |
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SEGUNDO (à parte) Dirá, mas eu estou quase aturdido com as parvoíces que tem desenrolado. PRIMEIRO Também eu estou já enfadado e não posso ouvir mais disparates. |
REIMUNDO Yo he de perder el juicio y temo un precipicio, y por no oír tan fieros desatinos al infierno me iré por mil caminos. |
POETA Vem logo voando quinhentos escaparates |
TRISTÁN Salen volando cien escaparates… |
a cavalo em gafanhotos muito esfarrapados e muito rotos, e para irem mais ligeiros traziam por esporas os tinteiros. SEGUNDO Os tinteiros, viu-se mais trabalhos? E picavam com a tinta ou com os podalhos? POETA Tinteiros eram todos de escrivão, que nada voa mais que a sua mão. PRIMEIRO Disse lindamente, lindamente. Repetem. SEGUNDO Parece que passa já de impertinente. PRIMEIRO Mas onde iam esses escaparates? POETA Iam para a casa dos orates, que fugiram de lá tal cardume de poetas, todos de capas pretas, mas com a dieta tão fraquitos que pareceu um cardume de mosquitos, que se vinha direitinho beber aos da festa todo o vinho, mas não se enganaram nas presunções que os poetas bebemos como mulhões. Estará ũa borracha sobre o bufete, e o Poeta pega dela e bebe. e daí dá aos outros. PRIMEIRO Boa rezão, boa rezão. POETA Se é boa, nela o verão. Dá-lha. SEGUNDO (bebe) Pois por ver se eu lha acho muito boa rezão lhe faço. Dá ao Primeiro. PRIMEIRO (bebe) Pois se ele boa rezão lhe fez, eu também lhe hei de dar ũa boa vez. POETA (toma, bebe) Pela gualdrapa do babeca, que bebem vocês como poeta. SEGUNDO Só agora achei graça à sua trova depois que lhe deu tão boa prova. PRIMEIRO Vamos, senhor Dom Tristão, por diante, que já não há de faltar-lhe consoante. POETA Vamos embora, mas onde íamos nós? PRIMEIRO Íamos por perto de Asneirós. SEGUNDO Não íamos senão junto a Cercós. POETA Íamos na primeira quarta jornada. PRIMEIRO Tínhamos a sétima já acabada. SEGUNDO E isto é comédia ou entremez? POETA (bebe) Eu vo-lo direi claro desta vez, mas se é cousa da minha manga, não é comédia nem entremez, mas mogiganga. |
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Sai o Meirinho com vara alçada. |
Sale un Alguacil. |
MEIRINHO Que está aqui a justiça os aviso. |
ALGUACIL La justicia está aquí. |
POETA Pois que temos nós com isso? E, dizei, como em minha casa entrais? |
REIMUNDO ¿Hay más dislates? TRISTÁN ¿Cómo en mi casa así? |
MEIRINHO Nenhuns extremos façais, |
ALGUACIL No hagáis extremos, |
que entro com o cu para trás e a boca para diente. POETA Melhor era pôr o cu com a boca juntamente. |
callad ahora, que luego ya hablaremos; |
MEIRINHO A prender-vos só é que venho, que ordem para isso aqui tenho. E isto está averiguado que o mandamento está firmado. POETA Dizei, meirinho ou beleguim, por que causa? Vós a mim? MEIRINHO Porque consta que sem licença fazeis comédias com tanta insolência. POETA A mim, licença? Paciência me há faltado. A mim, que desde que naci sou licenciado? De quem é o mandamento? MEIRINHO Da sala. POETA Isso parece-me pala, mas se da sala é, erra o intento, que para mim há de ser do aposento. |
porque a prenderos vengo de contado, que el mandamiento traigo aquí firmado. TRISTÁN ¿Cúyo es el mandamiento, noramala? ALGUACIL Firmado de la sala. TRISTÁN Si de la sala es, erró el intento, que ha de ser, para mí, del aposento. REIMUNDO Vive Dios, que me huelgo del suceso. MOCHALES ¿Por qué causa lo dice ahora eso? ALGUACIL Porque con indecencia a componer se atreve sin licencia. TRISTÁN A mí, licencia nunca me ha faltado, que desde que nací soy licenciado y tengo mil probanzas. |
MEIRINHO Amigo, essas chanças deixe, |
ALGUACIL Amigo, no es de burlas, deje chanzas, |
que eu aqui não sou carne nem sou peixe, que eu não venho mais que agarrá-lo e tenho satisfeito com levá-lo, |
porque llevarle preso así convino. |
e isso só é o que determino. |
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POETA A jurisdição declino. PRIMEIRO Bem faz vossa mercê, senhor amigo. POETA Que não é meu juiz, digo. |
TRISTÁN Jurisdicción declino. |
SEGUNDO Home, não vês que é licenciado? |
MOCHALES ¿No ves que es licenciado? |
MEIRINHO Também o eclesiástico a ordem há firmado. |
ALGUACIL También el eclesiástico ha firmado. |
POETA Pois declino também, bem fiz. |
TRISTÁN Pues declino también. |
SEGUNDO Eu não hei de consentir que sejais seu juiz. PRIMEIRO Isto acaso é justiça de entremez? MEIRINHO Pois nomeai quem o seja esta vez. |
MOCHALES Teneos en eso, que no tenéis de ir preso. ALGUACIL Pues decid lo que ha de ser esta vez. |
POETA Nomeo, por que não sejais tolo, só conheço por meu juiz a Apolo; |
TRISTÁN Solo a Apolo conozco por mi juez; |
as musas por menistros; por fiscal, Pégaso; e para meu cárcere, o monte Parnaso, cujo favor só aqui invoco. |
por ministros, las musas y el Pegaso; y por mi cárcel, el monte Parnaso, cuyo favor invoco. REIMUNDO Sin juicio él está. |
PRIMEIRO O homem está louco ou está sem juízo. SEGUNDO Ou com o vinho perdeu o siso. MEIRINHO Se é o vinho o que o tem teso, como bêbado irá preso. Vai a prendê-lo. |
MOCHALES Él está loco. |
POETA Tende-vos lá, ó beleguim, atreveis-vos a pôr as mãos em mim que sou poeta e licenciado e em fazer comédias afamado? |
TRISTÁN |
Socorre agora tu, ó divino Apolo, que a teu sagrado só me acolho, |
Ay, Apolo divino, a tu sagrado me acojo. |
que se de um não vale a majestade, valha-me aqui a tua imunidade, que te invoco com todo o coração como poeta fiel e de enche-mão. |
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Sai ũa Ninfa à trágica, muito redícula. |
Salen las Damas. |
NINFA Já Apolo, pai velho e achacado, |
DAMAS Ya te ayuda de contado |
te ajuda, ó homem honrado, |
su gran sabiduría |
com a sua imunidade, como lhe permite a sua idade, não com sua vinda sem sossego como quando ele era mancebo, mas mandando-me de ũa carreira a ti por sua embaixadeira, |
y a nosotras envía para que te ayudemos |
y como sus ministros te libremos, |
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pois está de tiApolo tão satisfeito, |
porque Apolo está ya muy satisfecho |
porque não vais contra seu preceito em nada do que fazes, que te manda privilégios, que os rapazes te apedrejem e suas pedradas te sigam sempre as pisadas. Altivo prémio que só mereceu com rezão por músico e sábio Anfião, pois as pedras atraiu com sua harmonia, tu as pedradas com tua poesia; e estes lauros e penachos te deixo para que te façam a coroa com um seixo. E eu agora te quero laurear para com o fim tuas obras coroar, que se o fim é a coroa da obra, na cabeça por coroa o fim te sobra. Põe-lhe ũa coroa com um rabo que trará em a cabeça. E como fim também é rabo, só com dizer aqui acabo, que para celebrar esta licença |
de que no has de hacer cosa de provecho. Y para festejar esta licencia |
acabe em baile o que começou pendência. |
bailemos por que acabe la pendencia. |
POETA (ajoelha) A teus pés, deusa ou ninfa soberana, se postra toda minha vea inumana, que quanto tenho é quanto te ofereço e já a teus preceitos obedeço. POETA (canta) Ora vá, ninfa bela, comigo case para que tais comédias em baile acabe. |
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NINFA (canta) Diga-me, o ser poeta em que consiste? |
REIMUNDO (canta) Dígame, el ser poeta ¿en qué consiste? |
POETA (canta) Em fazer as comédias com lindo chiste. |
TRISTÁN En decir mal de todos cuando se escribe. |
NINFA (canta) Diz que é dificultoso fazer comédias, não será senão fácil se forem destas. Repetem todos e vão-se. |
UNA DAMA (canta) Dígame si es difícil el hacer versos. TRISTÁN Si son como los míos, fácil es eso. |